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"Sou muito mais feliz aqui do que seria lá."




Mineirinho de Belo Horizonte, Rafael Rocha, 25 anos, decidiu se aventurar em outro país. Seu plano inicial era a Inglaterra, mas ele foi convencido e se mudou para a Alemanha, onde encontrou a felicidade.







Rafael Rocha
25 anos
Berlim, Alemanha
Cidade Natal:
Belo Horizonte-MG
Solteiro


Você mora sozinho/Com quem mora?
Moro com um amigo alemão.

Há quanto tempo está no país?
Um ano.

Com o que você já trabalhou e qual o seu trabalho atual?
Já trabalhei com gastronomia, central de pesquisas de mercado, jardim de infância e professor de inglês. Ainda assim sou profissionalmente ator. 

O que te levou a sair do Brasil?
Curiosidade, vontade... Eu não estava satisfeito com alguma coisa na vida e achei que talvez tivesse alguma relação com o lugar. Pode ser que nunca tenha tido, mas foi uma desculpa excelente para me aventurar do outro lado do mundo.

Porque escolheu a Alemanha e Berlim?
Eu não escolhi. Berlim apareceu ocasionalmente na minha vida. Eu morei até semanas atrás numa cidade chamada Colônia. A Alemanha, pelo contrário, foi fruto de uma conversa bem humorada com um alemão que, sabendo dos meus planos de ir pra Londres, me alertou que a Alemanha era muito mais viável financeiramente para os meus planos e ele estava certíssimo.

Conhece o Idioma? Já conhecia quando se mudou?
A primeira vez em que estive na Alemanha a única referência do idioma que eu tinha era um livrinho que um amigo me deu de presente quando soube dos meus planos de vir pra cá. Um guia prático de frases em alemão dividido em situações, o qual eu acordei e dormi lendo um bom tempo, mesmo confiando totalmente no meu inglês. Hoje eu falo "fluentemente", se é que existe "fluência" em alemão. Você vai passar um milhão de anos aqui e descobrir no dia de sua morte a conjugação de um verbo que você nem sabia que existia.

Qual o custo de vida? É mais barato ou mais caro em relação à sua cidade natal?
É relativamente mais caro, mas estamos falando de um país em que as transações financeiras são realizadas em euro. A moeda é muito mais cara que a nossa. 

Qual a relação de infraestrutura da cidade você faz com sua cidade natal?
Posso ser super honesto? É frustrante. Eu me sinto estranho (mesmo já estando acostumado) com um sistema que funciona tão bem e imaginando o que falta no meu país para que ele alcance esse nível de entendimento e preparação. Despreparados, impontuais e desorganizados se perdem com muita facilidade por aqui. O país goza de infraestrutura porque tudo é planejando muito mais cedo; os alemães mesmo, em sua maioria não fazem NADA, nadinha mesmo sem planos e nos acham muito engraçados por causa do quanto somos espontâneos.

O que te chamou atenção na cultura do país?
A organização, o valor dado a cultura (afinal, eu sou ator e certamente me sentiria fantástico numa cidade ou num país onde o meu trabalho não é visto como mera diversão), a maneira com que eles veem o mundo e são tão abertos (mesmo parecendo fechados). A multiculturalidade e a comida.


Tem alguma história engraçada/inusitada que aconteceu com você no país?
A mais recente, e a que me veio à cabeça agora foi, há uma ou duas semanas atrás quando fui comprar uma vassoura numa loja de ferramentas em geral e sai de lá abraçado com ela (que outro modo de carregar uma vassoura?). As pessoas não achavam engraçado em si o fato de que eu estivesse carregando uma vassoura, mas o que eu iria fazer com aquilo. Aqui todo mundo limpa a casa com aspirador. Foi estranho, mas engraçado (para eles).

O que do Brasil te faz mais falta? Em que momento você sente/sentiu mais saudade?
Minha família (não estou falado de toda ela) e meus amigos (os amigos MESMO). Sinto uma saudade forte em qualquer data comemorativa, que sei o que estaríamos fazendo juntos e eu estando aqui não posso. Ou no aniversário dos mesmos. Mas falo constantemente com todo mundo, isso mascara a saudade um pouco.

Do que você não sente falta no Brasil?
Do medo da noite, de assalto, de gente violenta ou agressiva. Não estou dizendo que esses fatores não existem aqui, mas somando todo o tempo em que estou no país (as 3 vezes em que estive aqui) nada parecido me aconteceu e nunca ouvi ninguém falar que os acontecera também. Não sinto falta de opinião alheia (aqui você tem de implorar a opinião de algum amigo se quiser que ele diga). É uma coisa, ninguém opina na vida de ninguém, ninguém se observa, todo mundo é anônimo e quer ficar assim. É mais fácil viver uma vida assim, onde sua opinião a seu respeito é o que fala mais alto, e não a dos outros.

Você gosta da comida local? É muito diferente da brasileira?
Gosto muito, até porque não existe (pelo menos pra mim) algo que seja tipicamente só alemão. Você tem acesso à comida do mundo inteiro, pode experimentar um restaurante diferente por dia da semana. 

O que você costuma fazer nos momentos de folga? Quais os programas e lazeres existem para se fazer na cidade?
A noite de Berlim tem programação para todos os gostos, de cinema a festa de nudismo. Eu visito tudo, ando perdido só pelo prazer de ver. Mas não tenho nenhum programa especial ou algo que eu realmente faça com frequência. No meu tempo livre eu leio mais do que faço qualquer outra coisa.


Qual a relação dos nativos com brasileiros? Você possui amigos alemães?
Depende das circunstancias em que vocês se conheceram. Quando você é apresentado por alguém a um amigo alemão, ele te dará mais credibilidade. Nada de amizades espontâneas feitas em ônibus e metrô ou perguntando as horas na rua. Eles são meio desconfiados, acho que por causa do numero tão alto de estrangeiro no país dele. 

O que é falado sobre o Brasil por aí?
O mesmo que é falado no mundo inteiro: samba, futebol, mulheres e praias paradisíacas. Alguns mais bem informados arriscam discutir a criminalidade ou o medo do que vem acontecendo com o país. Tem sempre alguém pra falar na Amazônia e nos lembrar de que a gente mesmo não se importa. 

Gostam da música brasileira? Como é a repercussão das nossas músicas aí? Você já foi a algum show de brasileiros?
Sei de um numero grande de DJ’s na Europa, mas cantores, não me recordo. Aliás, lembro que quando eu estava aqui pela primeira vez a cantora Céu estava fazendo um show em Munique, mas até então eu não tinha ideia de quem era.

Quais são os principais ídolos atualmente no país?
Eles gostam de coisas que a gente não tem muito contato. Amam os esquiadores e pilotos de Formula 1. Todo político é adorado ou detestado na mesma intensidade. A música é multicultural, mas tem sempre um alemão nas primeiras posições. A televisão daqui não é tão importante como a gente vê a nossa no Brasil. Muita gente nem assiste TV.

O que você costuma assistir na TV?
Assisto tudo, mas assim como fazia no Brasil, tenho minhas dezenas de séries favoritas e além dos noticiários (em alemão, espanhol ou inglês) eu assisto algum documentário - gênero amado por eles.
 
Pensa em voltar para o Brasil? Se sim, quando?
Penso em visitar o Brasil, mas mesmo achando que seja bem cedo para tomar uma decisão definitiva, eu sou muito mais feliz aqui do que seria lá. Tenho considerado a possibilidade de visitar minha família no verão brasileiro do próximo ano, mas confesso que estou super  tentado a gastar o que eu gastaria indo para o Brasil para dar uma volta pelos países que ainda não conheço. (Que minha mãe não leia isso, rs)


Qual o seu sentimento pela Alemanha?
Já me chamam de alemão (mais como tentando me ofender do que me elogiar) quando eu falo da Alemanha, mas eu sou um apaixonado pelo país, pela cultura, pela inteligência e pela beleza deles. Se eu fosse construir um mundo, a Alemanha me parece o país mais próximo com o que ele seria. Eu me sinto realizado de poder vivenciar uma cultura tão diferente da nossa, um idioma feito de avessos tão complicados como os problemas que os campeões de torneios de xadrez ou matemática vencem país afora. Mesmo com um sistema, digamos "radicalmente seletivo" nas escolas, o país desenha o futuro de seus residentes de acordo com o que julgam que o sujeito é capaz. Tive uma conversa recente com uma amiga alemã que está terminando a faculdade há 10 anos, porque o que seriam 4 anos de curso foi sendo expandido contra a vontade dela por volta de uns três anos pra cá. Ela diz que o sistema tem pressionado a nação de um jeito meio radical, que pode ser que daqui a um tempo, não vão mais aceitar crianças que não sejam inteligentes ou apresentem algum "prazer" por estudo nem nas escolas publicas. Tudo num tom de brincadeira, mas que a gente sabe que eles seriam capazes de fazer.


Se tivesse um filho, quais características gostaria que ele tivesse do jeito brasileiro e da maneira de ser alemã?
Que seja focado como os alemães e caloroso como os brasileiros. 

Que conselhos você daria a quem pretende visitar ou até mesmo se mudar para o país?
Para quem pretende se mudar: visite primeiro. Passe uns meses, tente aprender alemão e adentre a cultura. Conheci gente que ama isso aqui, e gente que detesta. Inglês não é o idioma deles e isso significa que as pessoas terão todo o direito de não te responder se elas não quiserem.  Perdido e "mudo", não rola, né? E quem for visitar pela primeira vez, prepare-se, Berlim parece um paraíso, mas é povoada de segredos. A cidade tem uma vida noturna cheia de coisas que a gente nunca ouviu falar, ou não queria ter ouvido. A cultura é latente e é de encantar qualquer um. Museus, parques, praças e monumentos históricos e o mundo de possibilidades quando se está exposto a gente do mundo inteiro.
E cuidado com as bicicletas. São tantas e de tantas direções que nos imaginamos sendo atropelado por elas o tempo inteiro.
 


4 Comentários

  1. Bravo! Palavras eloquentes e inteligentes como sempre meu querido. Sucesso! Saudade! Bjos!

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  2. Um dos meus planos e sonhos é morar fora do Brasil. Gostei muito da entrevista, bem interessante e dinâmica. Parabéns Rafael!
    Estudo bastante a possibilidade de ir a Inglaterra, ou outro país europeu.

    O Blog ficou muito bom, apoio a iniciativa do projeto.

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  3. Que bacana a sua entrevista!
    Visitarei Berlin no fim do ano, e já estou apaixonada pela cidade por tudo o que leio sobre ela!

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  4. Bacana seu post sobre Alemanha! Tenho muita vontade de conhecer, mas meu foco seria a Baviera! Parabéns!!!

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